Pó de estrelas
instalação generativa, 2023

No começo era o nada.

O Big Bang gerou o hidrogênio e o hélio que formam as estrelas.

No interior das estrelas são produzidos os elementos essenciais para formação da vida, carbono, oxigênio, nitrogênio, ferro, etc.. No seu ocaso, as estrelas explodem em supernovas liberando esses elementos no espaço. Os átomos presentes no nosso corpo, assim como no de todos os seres vivos foram criados em estrelas há bilhões de anos.

É na base dessas descobertas científicas da segunda metade do século XX que o astrônomo Carl Sagan popularizou a célebre frase “we are made of star stuff”, “somos feitos de material interestelar”, ou ainda “somos pó de estrelas”.

“Pó de estrelas” é um obra de arte generativa em tempo real, que tendo o ruído como matriz, explora ritmos e escalas cosmológicas. Na computação generativa os diversos tipos de ruídos (gaussiano, perlin, ) funcionam como uma fonte de dados pseudo aleatórios e não determinísticos que possibilitam a variabilidade controlada de comportamentos para gerar elementos imprevisíveis e orgânicos. Falamos de sequências de números usadas para controlar todo tipo de parâmetros, como movimento, cor, intensidade ou tempo. Neste caso, explosões solares, marés, tufões, células, corais, vales, são criados e recriados à velocidade do frame, através de partículas digitais e pixels matriciais em loops de 8 minutos, o tempo médio que um raio de luz solar leva para atingira a terra.

Afinal, como também apontou Sagan, somos pó de estrelas alimentados por energia solar, e se o universo está nós, somos natureza.

Imaginar a existência e dar forma aquilo que desconhecemos é o que nos torna humanos.

Fernando Velázquez
dia do equinócio de inverno de 2023.